segunda-feira, 4 de abril de 2011

Um Amor na escuridão

Olá amigos e amigas, esse post é muito especial para mim pois tenho a oportunidade de postar um trabalho de minha autoria. Esse é só o primeiro capítulo de um conto que estou escrevendo que se chama Um amor na escuridão. Espero que vocês leiam e deixem seu comentários. Se ficarem curiosos para saber como continua a história é porque estou no caminho certo.
Abraços.






   o se sabe se foi uma buzina de carro ou um outro barulho qualquer que o acordou. Mas acordar por quê? Por que ele estava dormindo afinal? Ao pensar nisso Augusto rolou da cama de motel em que estava e se pôs de pé com um salto, as lembranças voltavam a sua mente aos poucos. Ele se lembrava que estava no shopping com sua namorada e que viu aquela morena maravilhosa que não tirava os olhos dele. Lembrava também que deu todos os sinais de que estava interessado nela, mesmo com a sua namorada tão próximo dele, e nem disfarçava.   
   Para um homem comum o fato de estar no shopping com sua namorada já iria inibir qualquer tipo de investida em outras mulheres. Se essa namorada tivesse uma deficiência física isso tornaria as coisas moralmente ainda piores. Para Augusto isso era irrelevante, o fato de sua namorada ser cega tornava as coisas mais fáceis. As lembranças continuavam a voltar aos borbotões, ele havia chegado na morena e passado uma cantada daquelas bem vagabundas, ele não caprichara muito porque a morena já estava ganha antes mesmo de ele dizer uma única palavra.
   O procedimento era sempre o mesmo, pegar a sua namorada Júlia e levá-la ao shopping, depois de alguns minutos procurando uma gata, dizer a Júlia que iria ao cinema e deixá-la na loja da Oakley onde uma amiga de Júlia trabalhava. As saídas tinham um tempo determinado para acabar, no caso, o tempo que durava a sessão do cinema. Mesmo com pouco tempo dava pra ir a um motelzinho que ficava perto do shopping e se divertir.
   Mas nessa escapada no motel não estava incluso tempo para dormir, e isso estava deixando Augusto angustiado. Já passava das 23 e o shopping já estava fechado, como ele pôde ser tão relaxado? O fato de deixar uma mulher cega esperando por ele em um shopping não o incomodava, o que o estava inquietando era a possibilidade de ser descoberto, isso ele não poderia admitir.
   Augusto saiu do quarto em disparada deixando a morena da qual ele nem sabia o nome deitada na cama com cara de quem não entendia nada. Ela olhou para o criado mudo e ficou chocada vendo o dinheiro que Augusto deixara em cima do móvel.
   Sair do motel com rapidez não foi problema para Augusto, pois ele ai lá toda semana e conhecia todos os funcionários. Ele entrou na avenida a toda velocidade agradecendo a deus por encontrar a avenida sem movimento, nenhum movimento, isso era muito estranho, apesar do adiantado da hora não era comum não ter nenhum carro naquela avenida. Mas com a pressa que ele estava ele nem se atentou para esse fato.
   Com o trafego leve Augusto era capaz de ir do motel ao shopping em cerca de oito minutos, sem nem um carro na rua esse tempo poderia ser reduzido para quatro, e era justamente o que ele estava tentando fazer quando aconteceu. O carro de Augusto era uma Pick-Up Ford Explorer, ele estava a cerca de 90 quilômetros por hora quando o pneu dianteiro direito estourou. Com a súbita perda de pressão o carro deu uma forte guinada para a direita e antes que augusto tomasse conhecimento do que estava acontecendo o carro já atingia a guia e começou a capotar. Na segunda capotagem do carro Augusto, que estava sem o cinto de segurança, foi arremessado para fora do carro e voou por cerca de 20 metros e ficou deitado vendo o veiculo vindo com tudo em sua direção. A cada capotagem um salto de alguns metros, numa reflexão rápida ele pensou que o carro poderia pular por cima dele e não o atingir.
   Mas nessa noite as coisas não seriam assim tão fáceis para Augusto, quando estava bem próximo o carro deu um grande salto e veio a toda para cima dele. Augusto teve certeza de que seria esmagado e até fechou os olhos antevendo o impacto.  No entanto o impacto não aconteceu, com muito esforço augusto abriu seus olhos e o que viu o deixou estupefato. O carro estava parado, suspenso no ar, à apenas alguns centímetros de seu corpo. Ele deveria estar em estado de choque, só poderia ser isso. Em uma olhada mais detalhada ele pode ver que até os cacos de vidro estavam suspensos no ar, era como se o tempo tivesse parado exatamente um segundo antes de ele ser abalroado pelo próprio carro.
   Além do carro e de tudo que estava flutuando no ar augusto notou outra coisa igualmente estranha, de onde estava caído ela podia enxergar um par de botas pretas e as duas pernas que as calçavam, não dava para ver mais do que isso, pois o carro obstruía sua visão.
   Nesse ponto você pode pensar que as coisas não poderiam ficar mais estranhas, mas as estranhezas dessa noite estavam apenas começando. O carro que deveria obedecer as leis da gravidade e cair, começou simplesmente a fazer o inverso e subir e se distanciar de augusto. De acordo com a subida do carro Augusto passou a vislumbrar cada vez mais partes da estranha pessoa que estava em pé ao lado do carro. O que apareceu primeiro foram os joelhos e depois a barra de uma jaqueta de couro também preta, em seguida surgiu um peitoral forte e um rosto tão negro quanto a jaqueta e as botas que estava usando.
   O homem olhou para ele com uma cara de nojo impressionante, alguma coisa naquele olhar fez Augusto se sentir devassado, como se aqueles olhos fossem capazes de vislumbrar todas as indiscrições que ele havia cometido durante toda a sua vida. Além dos olhos outra coisa no homem chamava atenção, ele era extremamente alto. Alto de uma forma que um ser humano não poderia ser, mas no cenário em que Augusto se encontrava um homem mais alto do que o normal não era lá uma coisa tão digna de nota.
   Quando o caro estava acima da cabeça do negro ele caminhou até onde Augusto estava e se abaixou com a expressão de nojo aumentando centímetro a centímetro.
   - Se dependesse somente de mim esse carro teria te esmagado seis vezes. Disse o negro com a voz carregada de repugnância. – Mas você tem crédito com algum figurão lá de cima e eu recebo ordens. Não pense que isso vai me impedir de te dizimar no momento em que você falhar, e você vai falhar.
   Augusto não estava entendendo nada, e a cada minuto as coisas estavam ficando mais estranhas. O negro sorriu como se tivesse percebido sua confusão ou se tivesse ouvido seus pensamentos.
   - Tenha calma, vamos por partes. Vou te explicar o que está acontecendo e aí você poderá começar a sua missão e tão logo comece poderá então falhar e ter seu merecido final.
   Alguma coisa dizia a Augusto que o que o homem negro queria com ele não era amizade e nem tampouco seria algo fácil. O que ele não sabia era que isso iria mudar completamente a sua vida e que se falhasse seria seu fim.

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